terça-feira, 24 de maio de 2011

A Moda do Reaça - A DiogoMainardização da Imprensa



Como comentou uma leitora, Natália, no post anterior:

Cara, acho tão engraçada essa mania das pessoas de falarem com orgulho que são “politicamente incorretas” quando dizem absurdos… o sujeito vem, fala um monte de merda e diz que faz isso porque é inteligente (é um livre pensador, não segue o pensamento burro e dirigido das massas, etc) e porque não liga de ser “politicamente incorreto” porque afinal esse é o certo, a sociedade de hoje que está deturpada.

Eu tinha pensado na mesma coisa.

O governador e o secretário municipal de segurança reconheceram que tanto a PM quanto a Guarda Municipal exageraram na repressão à MARCHA DA MACONHA, que virou MARCHA PELA LIBERDADE DE EXPRESSÃO.

Alckmin chegou a dizer que não compactua com a ação da PM na Marcha.

Mas muitos leitores e alguns blogueiros continuam achando que o certo mesmo era enfiar o cacete nos manifestantes.



PMs que tiraram a identificação, para baterem numa boa.

A onda agora é ser bem REAÇA.

Se é humorista, e uma piada ultrapassa o limite do bom gosto, diz ser adepto do ideal do politicamente incorreto.

Que babaca é fazer censura contra intolerância.

Pode zoar com judeu, gay, falar palavrão, é isso, que se foda, viva a liberdade!

Se alguém defende a Marcha da Maconha, faz apologia, é vagabundo.

Se defende a descriminalização do aborto, é contra a vida.

Se aplaude a iniciativa da aprovação da união homossexual, quer enviadar o Brasil todo, país que se orgulha de ser bem macho, bem família!

Se defende a punição de torturadores, é porque pactua com terroristas que só queriam implodir o estado de direito e instituir a ditadura do proletariado.

Deu, né?

Esta DiogoMainardização da imprensa e da pequena burguesia brasileira tem um nome na minha terra: má educação.

Esta recusa ao pensamento humanista que ressurgiu após a leva de ditaduras que caiu como um dominó a partir dos anos 80 tem outro nome: neofascismo.

É legal ser de direita?

Tá bacana desprezar os movimentos sociais, aplaudir a repressão a eles?

Eu não acho.

Apesar de considerar o termo “politicamente correto”, do começo dos anos 90, a coisa mais fora de moda que existe, diante do que vejo e leio, afirmo: eu, aleijado com tendências esquerdizantes, não era, mas agora sou TOTALMENTE politicamente correto.

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Em uma semana marcada pelo protesto da gente diferenciada e gafes nas redes sociais, que têm 600 milhões de vigilantes no Facebook e 120 milhões no Twitter, postaram:

Rafinha Bastos, no dia das mães: “Ae órfãos! Dia triste hoje, hein?”

Danilo Gentili, sobre os “velhos” de Higienópolis que temem uma estação de metrô: “A última vez que eles chegaram perto de um vagão foram parar em Auschwitz.”

Amanda Régis, torcedora do Flamengo, time eliminado da Copa do Brasil pelo Ceará: “Esses nordestinos pardos, bugres, índios acham que têm moral, cambada de feios. Não é à toa que não gosto desse tipo de raça.”

Ed Motta, ao chegar em Curitiba: “O Sul do Brasil como é bom, tem dignidade isso aqui. Sim porque ooo povo feio o brasileiro rs. Em avião dá vontade chorar rs. Mas chega no Sul ou SP gente bonita compondo o ambiance rs.”

Quando um leitor replicou que Motta não era “um arquétipo de beleza”, ele respondeu que estava “num plano superior”. “Eu tenho pena de ignorantes como vc… Brasileiros…”, escreveu. “A cultura que eu vivo é a CULTURA superior. Melhor que a maioria ya know?”


E na MTV, a Casa dos Autistas, quadro humorístico, chocou pelo mau gosto.

Todos pediram desculpas depois. Danilo, um dos maiores humoristas de stand-up que já vi, recebeu telefonema do departamento comercial da Band, pedindo para tirar o comentário. Ed Motta se revoltou contra a imprensa. Pergunta se temos o direito de reproduzir seus escritos particulares.

A internet trouxe a incrível rapidez na troca de informações e espaço para exposição de ideias. Alguns se lambuzam. Dizem que são contra as patrulhas do politicamente correto.

Mas como ficam as domésticas ofendidas, os órfãos recentes, aqueles que perderam parentes em Auschwitz, os nordestinos e os pais de autistas?

Tomara que, depois do pensamento grego, democracia, Renascença, a revolução industrial e tecnológica nos iluminem. O preconceito não é apenas sintoma de ignorância, mas lapsos de um narcisista. Ele nunca vai acabar?

***

Enquanto no Itaú Cultural, um símbolo de excelência em apoio às artes e alta tecnologia, em plena Avenida Paulista, uma mãe foi expulsa por amamentar o filho em público na exposição do Leonilson, artista que sofreu inúmeros preconceitos, morto vítima da Aids.

Ou melhor, viadão que morreu da peste gay, porque era promíscuo, diriam os reaças.


Os ânimos estão acirrados.

Código Florestal: Aldo Rebelo é o Cão




SDE deverá pedir a condenação do Ecad por prática de cartel

A Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça deve pedir a condenação do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) por prática de cartel. A razão principal é a fixação arbitrária de percentuais de direitos autorais pelo escritório e pelas associações filiadas.

O processo contra o Ecad foi aberto pela SDE em julho de 2010 para apurar a forma como as associações de artistas e o escritório estipulam os valores que devem ser pagos pelos direitos autorais. A queixa partiu das empresas de TV por assinatura, que pagam 2,55% de sua receita bruta, ou mais de R$ 250 milhões por ano.

O Ministério da Justiça suspeita que o dinheiro vai mais para as associações do que para os músicos e instaurou processo para investigar a prática. Outro problema desse percentual é que ele não leva em conta as diferenças entre os músicos e os seus repertórios.

Segundo informou o Ministério da Cultura à SDE, em nota enviada no ano passado: "Não deixa de ser curioso, por anti-intuitivo, o fato de que as diferenças entre as músicas e os repertórios, qualidade, estilo e preferência pelo usuário não exercerem influência na sua precificação, já que todos os fonogramas possuem o mesmo preço único fixado pelas associações que compõem o escritório central." A pasta da Cultura concluiu dizendo que: "Não há relação entre o preço pago pelo usuário e o valor econômico do repertório."

Em sua defesa, o Ecad alegou que detém o monopólio sobre a arrecadação e a distribuição de direitos autorais no Brasil e pediu o arquivamento do processo. O monopólio está previsto na Lei de Direitos Autorais (nº 9.610) e, por isso, o escritório alegou que não deve se sujeitar à Lei de Defesa da Concorrência (nº 8.884).

Em fevereiro, a SDE não apenas negou o pedido do Ecad como fez novas advertências. "A aplicação da legislação de defesa da concorrência na esfera do direito autoral em nada inviabiliza o pleno exercício dos direitos do autor", diz o texto assinado por Ana Maria Melo Netto, diretora do Departamento de Proteção e Defesa Econômica da SDE. Segundo ela, é o autor que possui o direito exclusivo de utilização, publicação e reprodução de suas obras, "bem como o direito de fixar preços para a execução pública" seja de forma individual ou por meio de associações.

No início do mês, a SDE concedeu um prazo final para o Ecad e as associações responderem ao processo. O objetivo foi obter alegações finais para concluir as investigações. Nos próximos dias, o caso deverá ser encaminhado ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) com a recomendação de condenação do Ecad. O órgão antitruste pode determinar o fim da definição de percentuais pelo Ecad e condenar o escritório a pagar multa de até R$ 6 milhões.

Em nota enviada ao jornal Valor Econômico, Glória Braga, superintendente-executiva do Ecad, afirmou que o sistema de gestão do escritório não pode ser considerado um cartel. "As atividades de arrecadar e distribuir direitos autorais não são de natureza econômica", disse Glória. Segundo ela, "a música não pode ser caracterizada como um bem de consumo a ser ditado pelas regras de concorrência". Por isso, na sua opinião, o Ecad não deve se sujeitar à Lei de Defesa da Concorrência pela qual o Cade aplica punições.

Glória ressaltou ainda que o Cade já analisou uma queixa contra o Ecad, nos anos 90, e o caso foi arquivado sob a justificativa de que o escritório não exerce atividade econômica, "uma vez que sequer possui finalidade lucrativa, atuando apenas como mandatário dos autores de músicas".

Já a Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA) enxerga claramente um cartel no setor. A entidade obteve atas de reuniões do Ecad nas quais são fixados os percentuais e concluiu que não há concorrência entre as associações que representam músicos e artistas. "Ao arbitrar os valores por meio de reuniões, as associações estão praticando um cartel", disse a advogada Leonor Cordovil, do escritório Grinberg, Cordovil e Barros, que defende a ABTA.

Segundo ela, a entidade quer que exista concorrência para negociar com cada uma das associações que representam os artistas. Isso é possível em outros países, como nos Estados Unidos, onde cada associação fixa seu próprio percentual e os artistas recebem mais pelas suas obras. "No Brasil, não temos nenhuma liberdade de negociação e não há explicação racional para a cobrança de 2,55% da receita bruta", criticou Leonor.

Procurado, o secretário de Direito Econômico, Vinícius Carvalho, informou que não comentaria o assunto, pois o processo está em fase final na SDE. Mas, na nota técnica de instauração do processo, a secretaria foi clara ao apontar o provável cartel: "Há fortes indícios de que as associações, juntamente com o Ecad, discutiram e fixaram conjuntamente o valor a ser cobrado a título de retribuição de direito autoral. Se comprovada, essa prática é passível de provocar grandes danos, na forma da cobrança de valores indiscriminados e abusivos, aos consumidores que pagam pela execução pública das obras (operadoras de televisão aberta e por assinatura, emissoras de rádios, consumidores que fazem festas de casamento etc)".

Fonte: Valor Econômico