terça-feira, 21 de outubro de 2014

ELEIÇÕES NA VITROLA: A Lei Rouanet comprou Chico Buarque?

Escrevi isso em resposta a um amigo querido, que acredita que o povo da cultura é vendido para Dilma, por causa da Lei Rouanet.  A quem interessar possa, respondi isso (publico aqui para reflexão e para ouvir ideias contrárias também):

A Lei Rouanet foi criada no governo Collor e aprimorada durante o governo FHC. Os governos Lula e Dilma apenas seguiram aprimorando a melhor e única lei feita até hoje, ainda que cheia de falhas. A Dilma já tem a lei para substituir a Lei Rouanet, que acabará com 100% de incentivo fiscal como é hoje (ou seja, seu argumento de que somos vendidos já não cola, porque se somos vendidos para uma lei que ela vai acabar, somos vendidos para quê?). Essa nova lei já foi aprovada na Câmara e está no senado para votação. A previsão do governo é que seja votada até o final do ano. Mas a parte do executivo já foi feita, propôs uma nova lei e mandou para votação. Tenho acompanhado esses trâmites, inclusive participando diretamente das discussões públicas sobre o assunto. A Lei ainda está toda problemática e precisa de ajustes para funcionar a contento.

Fora isso, todas as áreas tem suas políticas públicas, assim como educação, saúde, esporte, turismo e todas as outras... a cultura também tem sua lei, que visa estimular a produção e fruição dos bens culturais produzidos no país, além de pensar questões como democratização do acesso, acessibilidade para deficientes, descentralização do eixo Rio-SP, etc.

Entendo que uma pessoa sendo pró-Aécio é a favor da livre iniciativa e portanto defende que não deveria ter uma lei pra cultura. Então é por isso que artista, que pensa, não vota no PSDB, porque eles querem a livre iniciativa. A livre iniciativa na cultura já teria acabado com ela em V a.c, berço do teatro, pois desde aquela época (2.500 anos atrás) as artes são subvencionadas pelo Estado ou por patronos.
Uma pessoa que vive de arte, como um artista, vai votar na pessoa que diz que o "papel do estado na cultura deve diminuir"? Você acha isso se vender? Você quer que a gente vote em quem quer acabar com nosso trabalho? Não entendo.

Estamos falando do meu dia-a-dia. Estou super aberto a entender o que você quer dizer, mas julgar um artista por votar na Dilma é que é contraditório.

Um adendo: acho a Lei Rouanet bem deficiente. "Mas ruim com ela, pior sem".

(via Tárik Puggina)

sábado, 18 de outubro de 2014

ELEIÇÕES NAS CAVERNAS: apologia do extermínio dá as caras na eleição

A direita que jura viver em uma ditadura é a primeira a agredir, verbal ou fisicamente, quem não vota como ela



O ex-presidente desconfia da capacidade cognitiva de quem não vota como ele. A colunista do jornalão nem desconfia: tem certeza de que parcela da população é incapaz de apertar os botões 1 + 3 + Confirma – e isso, aposta ela, teria efeito considerável no resultado das urnas. O ator global acha que votar no atual governo equivale a contrair ebola. E o colunista que defende em público o seu voto no governo, com ou sem ebola, é escorraçado no restaurante que não deveria frequentar – pois quem defende pobre e come caviar só tem direito a comer baratas, e não a defender que todos, inclusive ele, comam o que quiserem e quando quiserem.

A sequência de episódios diz mais, muito mais, da virulência de um mundo em desordem do que supõe o marketing político dos dois finalistas deste segundo turno. O descolamento da realidade parece ser um fenômeno amplo a atingir eleitores e candidatos. A arrogância e a falta de autocrítica, também.

Mas a virulência, nesta história, tem lado. A direita, que jura viver em uma ditadura (gayzista, bolivariana, da insegurança etc.) é a primeira a agredir, verbal ou fisicamente, quem não vota como ela. É sintomático. No caso das ameaças ao ator e escritor Gregório Duvivier, o agressor tinha a cartilha decorada, aquela tentativa rocambolesca de juntar as palavras “perigo”, “vai pra Cuba”, “ditadura”, “esquerda caviar”, “roubalheira” sem necessariamente criar um raciocínio. Quem jamais defendeu o regime castrista que se vire: no estigma não cabem ponderações, a não ser os bíceps.

Quando falo sobre esse grupo, não me refiro aos que se dizem cansados do atual governo, que defendem reformas no sistema tributário e aceitam a diminuição do papel do Estado em prol de uma tal competitividade empreendedora. Posso discordar, mas acho compreensível e legítima a contraposição ao atual projeto de governo. Mas uma coisa é se opor. A outra é se opor à existência do projeto, dos arquitetos do projeto e de apoiadores do projeto.

Nas ruas, postes, posts e vidros de carros blindados, a opção de voto chega acompanhada de um imperativo, quase sempre expresso nas conjugações dos verbos "varrer", "eliminar", "exterminar", "expulsar", "aniquilar". Varrer, eliminar, exterminar e aniquilar quem, cara pálida? Quem não vota como você? Não basta votar contra? Em que momento da História esta disposição ao justiçamento acabou bem?

Não importa. Basta deixar o interlocutor à vontade para falar, de preferência em sua área de conforto, sua roda de amigos, a varanda de sua casa, amparado por um copo de chope ou uísque, e o resultado será o velho delírio autoritário de quem se refere ao outro como o "inimigo". São os mesmos que chamam os organizadores de rolezinho de “cavalões” (relembre), que questionam se o aeroporto virou rodoviária (relembre), que dedica parte do seu Natal para questionar o Natal de presidiários (relembre), que dizem ser compreensível amarrar, bater e prender no poste o jovem infrator que não se emenda (relembre), que bate em manifestante com bandeira de partidos em protesto (relembre), que acha que corrupção tem um lado só e se combate com vermífugo (relembre). É como definiram nas mesmas redes que hoje concentram o ódio: não dá para discutir Bolsa Família com quem ainda não aceitou a Lei Áurea. No Brasil os viúvos do escravismo se aglutinam em multidões. Como diz a música: eles são muitos, mas não podem voar. Mas vociferam quando se veem na rabeira da História.

O caráter higienista da arrogância social travestida de posicionamento político deixou claro, mais que claro, o quanto o espaço ao contraditório é apenas uma miragem em um país que não parece ter assimilado as tragédias de suas experiências autoritárias. Um tempo em que, diante da projeção inflacionada do chamado “mal maior” (as reformas – comunistas? – de base de ontem são o “mar de lama” de hoje), aceitava-se a mediocridade, a lama, a bota, o chão, o silêncio. A indigência de hoje não é outra se não a consequência de um passado não esclarecido, de um presente que se nega a expor os horrores da supressão de direitos diluídos na escuridão das masmorras e dos centros de tortura.

Porque, na vida real, seguimos torturando e aceitando que tortura em corpos alheios é refresco (ou vacina): presos morrem confinados sem direito a julgamento, pobres são diariamente humilhados ao circular ao arrepio da ordem, manifestantes tomam balas de borracha no olho quando questionam que ordem, afinal, é essa. Uns pedem direitos, outros, camarotes - e masmorras, quantas forem necessárias. É onde os militantes do jipe, citados por Duvivier, e parte da população - os infectados pela ignorância, segundo o ex-presidente, a colunista demofóbica, o ator global - se distinguem.

Mas algo parece estranho quando o mesmo eleitor que condena a chamada Bolsa Esmola, os programas de inclusão na universidade e a chegada de médicos à periferia faz uma defesa tão apaixonada por quem jura de pé junto não mexer em nada disso. Essa direita, porta-voz dos preconceitos e das soluções autoritárias, não é só violenta. É míope e surda.

Via Matheus Pichonelli

ELEIÇÕES NA ALDEIA: Socioambientalistas com Aécio Neves e Dilma Rousseff

A mobilização virtual de eleitores tem ido muito além dos compartilhamentos de virais em redes sociais. Manifestos têm sido produzidos por grupos intelectuais como forma de defender candidaturas e ideias. (via Veja)



Caros,
recebi algumas mensagens de amigos me perguntando se eu havia assinado o manifesta da Esquerda Democrática em favor de Aécio, como consta do site. Não assinei. O documento me foi enviado e eu decidi que não o assinaria. Concordo com o conteúdo do documento, mas não pretendo apoiar o Aécio. É uma questão de escolha: votar pela ética da convicção ou votar pela ética da responsabilidade. Por isso, caso eu não estivesse indo para Altamira agora, votaria nulo. Mas esta é apenas minha convicção pessoal. De todo modo, em hipótese alguma, eu votaria na Dilma. Como houve esta confusão, tento explicar aqui minha posição:

1) um de meus compromissos mais importantes é com a população indígena. Votar na Dilma seria, para mim, trair esses compromissos, pois não apenas não demarcou terras indígenas, como reprimiu movimentos indígenas e nada fez diante do enorme aumento de assassinatos de índios no Brasil durante seu governo;

2) entendo que a sustentabilidade e o meio ambiente são elementos hoje fundamentais para construir uma sociedade mais justa e com qualidade de vida. O modelo desenvolvimentista baseado no crescimento exponencial do consumo e na transferência de capitais públicos para grandes empresas é nocivo a todos nós e às próximas gerações. O papel do BNDES é trágico para a Amazônia e deve ser revisto imediatamente. Não dá para esperar para 2018. Além disto, este governo interrompeu a criação de novas UC, acatou mudanças graves no Código Florestal e colocou a curva do desmatamento para cima depois de anos de baixa;

3) este governo interrompeu a Reforma Agrária, assentando 7x menos que FHC e 8x menos do que Lula. Isso me parece também igualmente grave, uma vez que, ao lado disto, foram feitas várias concessões aos ruralistas e em particular a CNA;

4) o grau de corrupção e de transferência de recursos públicos para grandes empresas a juros subsidiados me parece escandalosos e imperdoáveis. Não sou ingênuo em pensar que o sistema político e o financiamento de campanha não dependam, em todos os partidos, de expedientes como caixa 2, propinas e tudo mais. Ocorre que é escandaloso ver o "toma lá, me dá cá" que liga diretamente as empresas, o financiamente oficial de campanha e as obras. É difícil dizer se as grandes obras na Amazônia são o resultado de necessidades energéticas, ideologia desenvolvimentista ou pagamento de compromissos de campanha. Seja como for, com Renan, Sarney, Collor é difícil ir muito longe no quesito honestidade;

5) discordo da maneira com que se apropriaram das políticas sociais. A inclusão por meio da renda mínima é uma conquista da sociedade brasileira. O governo FHC estendeu o bolsa-escola a 5 milhões de famílias em 8 anos; os governos PT ampliaram a mais 9 milhões de famílias em 12 anos. A média não é muito diferente;

6) a política cultural deste governo foi muito ruim, enquanto os oito anos anteriores haviam sido muito bons, bons porque a política era inclusiva no sentido mais generoso da palavra: não vitimizando os "pobres" e incluindo-os pela via paternalista como unidade homogênea, mas reconhecendo a riqueza que trazem em sua diversidade. Para mim, esta foi uma verdadeira política de esquerda;

6) por fim, achei lamentáveis os ataques a Marina e, em seguida, a Aécio, tanto na propaganda oficial como nas redes sociais. Isto é coisa de claque fascista. É injustificável. E não é mera babaquice, é uma clara evidência de que o ovo da serpente está lá sendo chocado.

Poderia me alongar nas minhas razões, mas estas acima já me são suficientes para não votar em Dilma.

Não assinei o manifesto, mas não critico a posição daqueles como Lúcio Flávio Pinto, Luiz Eduardo Soares ou José Eli da Veiga que o fizeram. Ao contrário, estar ao lado deles é sempre enriquecedor, embora aqui tenham me juntado a eles sem o meu consentimento.

obrigado e boa eleição (eu estarei na aldeia)

(via Carlos Fausto)



A presidenta Dilma disse recentemente que "abriu-se uma caixa e dela saíram todos os demônios". De acordo com o mito da Caixa de Pandora, a esperança foi a última a sair… Esperemos que isso também aconteça no Brasil.

Alguns pontos essenciais, como exemplos:

Compromisso com a destinação da terra para as suas finalidades sociais e ambientais, por meio da reforma agrária, reforma agrícola, demarcação e compra das terras indígenas e das unidades de conservação, ação pela soberania e segurança alimentar e efetiva implantação do novo Código Florestal. Agricultura Familiar, Agroecologia e Agroflorestas, como balizadores do projeto de agricultura para o país. (via Ambientalista com Dilma)

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Tribunal de Contas de Minas Gerais desmente Aécio Neves

As aprovações das prestações de contas sempre foram dadas com ressalvas, indicando que, por sucessivas vezes, as gestões de Aécio e Anastasia não aplicaram o MÍNIMO constitucional na saúde e na educação, usando diversos artifícios contábeis para chegar aos 12% (saúde) e 25% (educação). 



Os pareceres técnicos sobre as contas do governo de Minas Gerais de 2006 a 2012, que estavam disponíveis para consulta no site na instituição, foram retirados da consulta pública entre a noite de terça-feira e o início da tarde de ontem. Antes disso, a página web também ficou fora do ar no mesmo período por quase 12 horas.

Os problemas ocorreram depois que a presidenta Dilma Rousseff (PT) acusou o adversário Aécio Neves (PSDB) no debate da Band na terça-feira de não cumprir o mínimo dos repasses na área de Saúde e convidou os telespectadores que acompanhavam o debate a checar o dado na página do TCE.

“No que se refere à Saúde pode-se entrar no site do TCE e lá vai estar claro que o governo de Minas foi obrigado a assinar um termo de ajustamento de gestão e que considerou-se que vocês desviaram em torno de R$ 7,6 bilhoes”, acusou Dilma. O valor corresponderia aos 12% do orçamento que deveria ter sido destinado.

O tribunal alegou, por meio de nota, que ocorreu uma falha técnica devido ao aumento excessivo de visitantes na noite de terça-feira e que o sistema “não ficou indisponível, mas sim, instável”. “O TCE possui capacidade para atender acessos de seus 3.334 jurisdicionados e também as demandas das diversas áreas da sociedade. Diariamente, são registrados, em média, 2.500 acessos”, informa a nota.

Nesta quarta, a campanha tucana divulgou nota de esclarecimento do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais em que o órgão afirma que as contas do período que Aécio comandou o governo local, entre 2003 e 2010, foram aprovadas por unanimidade e que o governo cumpriu os mínimos constitucionais para saúde e educação no período.

Em outra nota divulgada no site do TCE, mas não pela campanha tucana, o tribunal mineiro informa também que, por conta de uma alteração na lei que determina o que pode ser considerado gasto em saúde, foi feito um Termo de Ajustamento de Gestão (TAG) para as contas de 2012, quando o governador era Antonio Anastasia (PSDB), afilhado político de Aécio que o sucedeu no governo mineiro.



Minas Sem Censura

De acordo com Bloco Minas Sem Censura, O Tribunal tentou dar o golpe, para proteger mais uma vez o Aécio.

“A menção a esses relatórios, pelo ex-governador Aécio Neves, ocorreu de forma irresponsável e distorcida. As aprovações das prestações de contas sempre foram dadas com ressalvas, indicando que, por sucessivas vezes, as gestões de Aécio e Anastasia não aplicaram o mínimo constitucional na saúde e na educação, usando diversos artifícios contábeis para chegar aos 12% (saúde) e 25% (educação). O valor que deveria ser investido nessas duas áreas chega a R$ 16 bilhões.

A atitude do TCE-MG constitui grave violação do princípio da publicidade e reforça condutas abusivas e de censura dos tucanos de Minas. Comprova o aparelhamento do Estado e o medo da transparência.

Esconder os relatórios só confirma o óbvio: governos tucanos em Minas Gerais desviaram recursos da saúde e da educação.”

Via Pragmatismo Político e Reuters Brasil



Tá vendo aquela Bolsa Família, moço? Foi Luiz ou Fernando quem construiu?




É fábula querer dizer que o sistema do Bolsa Família tenha origem nos programas sociais do governo do FHC. Sem dúvida eles tem relação, afinal o bolsa família os englobou.

Sim, é verdade,
Garotinho repetiu o
nome deste projeto
várias vezes durante
as Eleições 2014!!!
Programas de distribuição de renda existiam já aos montes, não só no governo FHC, como até -bem antes do FHC- no governo do Garotinho com o cheque cidadão. Todos os programas eram feitos de modo muito fragmentado, garantidos como benesses por padrinhos políticos.

O que o Bolsa Família fez foi sistematizar isso. Quando se sistematiza você garante aquilo como um direito. Os programas vinham sempre pela mão do politico A ou B, passaram a ser recebidos pela Caixa. Os programas eram fragmentados cada um devia ser pedido pra um ente diferente, tudo foi centralizado e automatizado para garantir que todos que cumprissem os requisitos pudessem receber. Não dá pra dizer que um sistema tem origem em programas fragmentados que ele engloba.

Em um se otimiza um processo de distribuição de renda e alcança-se milhões de pessoas de forma despersonalizada e objetiva, no outro se vale de uma estrutura de apadrinhamento político para entrega de benefícios.

Em um se atinge menos de 200 mil famílias pela precariedade do sistema de apadrinhamento, no outro se alcança mais de 11 milhões de famílias e possibilita uma ampliação de direitos em nível extraordinário.

Em um vem o o Fernando e constrói um barraco, no outro, vem Luiz desmonta o barraco e constrói um prédio de 8 andares com alguns materiais do barraco. Aí o Fernando diz: "Fui eu que fiz o prédio".

(Via Chico Motta e Felipe Lima)



domingo, 28 de setembro de 2014

Vamos estudar Retórica?


"...ditadura do proletariado..."
"...o capitalismo é melhor para as pessoas pobres..."
"...só é possível implantar o socialismo na base da violência..."
"..um sistema capitalista sempre será melhor que qualquer socialista.."


"é fato!....muito embora minha senhora.. esse mesmo discursfrado.. êdiubaigdorânciadrebenda... o patrão ganhar sustento de forma honesta... massa de manobra... vamuistudá? mas caaalma que ainda fica pior.. mas esse vídeo tão curto não tem como abordar tudo":



Via: Brasil Post associado à Abril



Via Thiago Aguiar



Via Ditadura Comunista do PT



Via União Socialista Brasileiro

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

HOTEL GLÓRIA: O Rio mereceu Eike

Dá raiva passar em frente ao Hotel Glória. Ou ao que era o Hotel Glória. Raiva de Eike Batista, mas não só. Raiva do Rio de Janeiro. Aqueles escombros são o reflexo do que nós, cariocas, deixamos nos tornar.



O Glória foi inaugurado em 1922 com o status de hotel mais luxuoso da América do Sul --o Copacabana Palace surgiria no ano seguinte. Primeiro prédio construído no continente em concreto armado, é um primor de beleza em estilo neoclássico.

Vizinho do Palácio do Catete e do centro da cidade, foi endereço de políticos brasileiros, autoridades internacionais, artistas importantes, celebridades mundanas. Tem uma história.

Em 2008, Eike Batista comprou o Glória por R$ 80 milhões. Queria transformá-lo num hotel seis estrelas. Arrumou dinheiro no BNDES e começou a demolir tudo, preservando apenas a fachada tombada. Arrasou um teatro, os quartos, jogou fora os móveis e quase 90 anos de tradição.

Falido, fechou a porta do cenário apocalíptico, repassou o terreno para um fundo suíço e foi embora ser classe média --após, pai exemplar, repassar sua fortuna aos filhos.

Eike representa o capital especulativo, corrosivo, que não tem compromisso com nada que não seja o ganho imediato, sem respeitar passado ou futuro. É a força da grana que apenas destrói coisas belas.

Recebedor de licenças ambientais e incentivos do Estado, cedia seu jatinho para o governador Sérgio Cabral passear, numa promiscuidade incrivelmente (até para os padrões brasileiros) impune.

Durante seu império efêmero, foi bajulado por toda a servil cidade, incluindo artistas --que iam a ele mendigar patrocínios-- e jornalistas. Era um banqueiro de bicho janota, um agrocoronel poliglota.

O cadáver do Glória indica que o Rio fez por merecer Eike.

■□■□■□■□■□■□■□■□■□■□■□ Via LUIZ FERNANDO VIANNA

sábado, 16 de agosto de 2014

CALENDÁRIO ELEITORAL 2014


■□■□■□■□■□■□■□■□■□■□■□
via PROS Nacional

terça-feira, 8 de julho de 2014

Não assisti nenhum jogo da Copa!

Foi o meu modo, mesmo que simbólico e insignificante de protestar contra ela: A Copa das injustiças! Pra mim não teve Copa por opção, mas inúmeras pessoas não tiveram a escolha de serem indiferentes, simplesmente tiveram suas vidas devastadas por ela e ponto. Não ser a favor e não assistir aos jogos foi só um posicionamento, não significa que eu não goste de futebol, que eu seja menos brasileira ou que eu torça contra a seleção, como algumas pessoas insistiam em dizer. Pessoas que repetiam fervorosamente o quanto eram brasileiras com muito orgulho e com muito amor. Mas bastou o jogo desdobrar numa derrota para o Brasil, para as vozes fervorosas fazerem um novo coro, espraguejando e repetindo o quanto o Brasil é um País de merda! O Patriotismo foi embora com a possibilidade do hexa, é isso?

(via Valéria Amorim)

Imagino o quanto essa galera deve ter se sentindo impotente na frente da televisão vendo o Brasil perder de goleada.


Mas garanto que não se sentiram mais impotentes que a Dona Maria Grinaura, uma senhora de 89 anos, que morava na Comunidade do Coque, em Recife. Ela teve que sair da casa que morou a vida inteira, ficou sem ter pra onde ir, deram 24 horas para ela arrumar um lugar para morar e pagaram R$ 4 mil pelo imóvel dela. Ela foi uma das muitas pessoas que perderam suas casas com as remoções geradas pela Copa. Remoções desumanas, sem nenhum debate prévio, sempre acompanhadas da violência de uma polícia nojenta, asquerosa e truculenta.



A maior parte das famílias removidas não foram indenizadas, não receberam nenhuma quantia em dinheiro que garantisse o acesso a uma nova casa. Quem consegue comprar um imóvel com R$ 4 mil? Me diz? Todas essas remoções aconteceram em função das obras da Copa! Grande parte dessas obras nem ficaram prontas a tempo, algumas nem sequer foram iniciadas. Talvez tenha sido melhor assim, já que grande parte das obras, além de terem sido superfaturadas foram feitas de forma questionável, colocando a vida de inúmeras pessoas em risco. Como aconteceu recentemente com o Viaduto da Pampulha, em Belo Horizonte. O Viaduto fazia parte do projeto de mobilidade da Copa em MG e desabou em cima de um ônibus, causando uma verdadeira tragédia.

(via Coletivo Mariachi)

E as tragédias geradas pelos incêndios criminosos que devastaram as favelas por puro interesse das empresas, pura especulação imobiliária? Favelado, pobre, morador de rua? Não, na Copa do Brasil não tem lugar pra favelado, nem pobre, muito menos moradores de rua!

(via BBC Brasil)

Levaram vários moradores de rua de forma compulsória para abrigos que já foram denunciados várias vezes, verdadeiros depósitos humanos. Houve um boato de que estavam exportando moradores de rua das cidades Sede para cidades mais afastadas, menos visadas pelos turistas.


Higienização e pacificação foram as palavras de ordem para os morros, pra deixar tudo arrumado pra turista ver! Eis o legado da Copa nos morros: A imensidão de vítimas deixadas pelas UPP’s. Um policiamento que mata e marginaliza cada vez mais pretos e pobres. Quantas pessoas morreram nas periferias? O sumiço de quantos Amarildos não chegou ao nosso conhecimento? A morte de quantas Cláudias?

(via Anistia Internacional)

O barulho dos fogos do asfalto não abafam os tiros no Morro.. Tá tendo Copa mesmo! Tá tendo também violência contra a mulher que vem junto com o turismo sexual, tá tendo exploração sexual infantil, tá tendo repressão, tá tendo hipocrisia também!


Muita cara de pau colocarem a figura de um índio alegre e saltitante na Cerimônia de abertura da Copa, depois da polícia invadir a Aldeia Maracanã de forma extremamente violenta para remover os índios na base da pancada, da bala de borracha, do spray de pimenta, das bombas de gás. Não pouparam ninguém! Tudo isso só para realizarem obras de reforma e ampliação do Maracanã.  

Por falar em Estádio... E os trabalhadores que morreram durante as obras desses estádios por conta das péssimas condições de trabalho?

(via Sociedade Sem Prisões)

Ninguém cansa de repetir "Pobre menino Neymar, fraturou a Coluna!" Um dos trabalhadores que morreu durante as obras do Itaquerão tinha só 23 anos, até onde eu sei, ele nem foi lembrado na cerimônia de abertura, era um menino também, pra ele não teve Copa mesmo!

(via Jornal O Badernista)

Realmente, foi a Copa das Copas! A Copa das prisões arbitrárias, das provas forjadas, do abuso de poder, do uso desmedido de violência policial, da criminalização dos movimentos sociais.

(via Coletivo Desentorpecendo A Razão)

E eu ainda tenho que ouvir de uma pá de gente, que eu tenho que torcer pela Seleção Brasileira, que é o meu país! Meu país? Meu país ainda possui presos políticos, cara! A Copa começou há 28 dias, há 16 deles o Fabio Heideki está preso, prisão injusta e arbitrária.

(via Seja Um Manifestante e Fique Rico)

A Copa vai acabar... Pode ser que o Fábio continue preso injustamente, a Dona Maria vai continuar sem casa, a família do Amarildo vai continuar sem Amarildo... Eu continuo a me perguntar: Copa pra quem?

Me dá arrepios só de pensar que ainda teremos Olimpíadas!


■□■□■□■□■□■□■□■□■□■□■□■□
(Via Thiara Pagan)

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Vaias pra Dilma: quem abafa também tem sangue de manifestante nas mãos



O governismo e o anti-governismo (GloebelsNews) propagam esse video (eu vi essas imagens de longe, acompanhando o streaming, ñ dava para ouvir a conversa). O fato de o governismo PT e o ant-governismo escravagista acharem graça nesse video e no que ele nos mostra, me parece ser uma grande demonstração da estupidez dos dois e, particularmente, da enrascada onde se meteu e continua se metendo o PT (e a Dilma).


O que o video nos mostra?

1) que os tais de mascarados são garotos que querem mudar, querem "fazer sua parte". O garoto é super gentil com seu pai. Ele implora para que ele o deixe fazer isso: ou seja mudar essa merda de pais e de mundo.

2) que os outros mascarados ñ se meteram, deixaram a conversa rolar (logo depois desse episódio, assisti no streaming a PM atacar em força e recuar correndo dianet da resistência daqueles garotos)

3) o jovem (o "filho") defende o ponto de vista de sua potência, da vida, daqueles que mudam. Sua potência ñ tem nada de arrogante. É o contrário do poder que rondava assassino nos arredores.


4) O Pai justamente defendia essa vida: começou com um moralismo ("ñ te criei para isso") e foi dizendo que ñ era o momento, que cada coisa tem seu momento, passo a passo: o Pai tinha o ponto de vista.... do pai, de saber que seriam massacrados, de saber o que é o poder... e já ter perdido a ilusão de poder mudá-lo

5) Enquanto isso, a Dilma, único político que foi ao Estádio, era vaiada e xingada pela elite escravigista de São Paulo, a mesma que aplaudia a PM quando massacrava manifestantes e jornalistas, inclusive estrangeiros. 


O PT e o governismo podem chorar e até achar que o Juiz Japonês salvou a situação. Mas devem se tocar. Quem está do lado errado, são eles e ñ esse garoto. O PT deveria pelo menos ter a coragem desse pai, e ir nas ruas proteger a democracia, ou seja dar espaço a essa geração que quer mudar pra valer.

Essa geração veio para mudar.
É muito maior do que chega a ir nas ruas.
Ela está lá nas favelas e nas periferias.
Querendo pular fora da armadilha do poder (a guerra contra os pobres).


Se o PT ñ se tocar, vai msm se tornar irrelevante.


(via Giuseppe Cocco)


quarta-feira, 11 de junho de 2014

Debulhando a Dilmagogia




Ontem em seu pronunciamento antes da Copa do Mundo a Dilma Roussef falou algumas verdades e trouxe questões pertinentes sobre a nossa redistribuição de renda e desenvolvimento do país, bem como sobre algumas obras que fica no Brasil após a Copa, pelo menos nas 12 cidades sede da Copa. Não é uma crítica a ela ou ao PT, mas há um governo com uma coalizão ampla de partidos e interesses, desde o PMDB até o PP.

Mas tem uma série de coisas que na boa a nossa “Dilminha – soberana das Américas- jaguatirica do cerrado” está mal assessorada, ou mal informada ou com uma visão um pouco bastante distorcida e distanciada da realidade:

“Para o Brasil sediar a Copa do Mundo é motivo de satisfação, alegria e orgulho”

Será?
http://terradedireitos.org.br/wp-content/uploads/2014/02/Dossie-da-copa-2014.pdf
http://www.ihrb.org/pdf/2013-10-21_IHRB_Mega-Sporting-Events-Paper_Web.pdf
http://www.apublica.org/wp-content/uploads/2012/01/DossieViolacoesCopa.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=fZhLQ711RwM
http://vimeo.com/97448146
https://www.youtube.com/watch?v=JI775teDQRU
https://www.youtube.com/watch?v=fik1mximZ6o
https://www.youtube.com/watch?v=FeTYedZWOIA

“A copa pela paz e contra o racismo”

“Contra todas as formas de violência e preconceito”


“A copa da tolerância e do diálogo e do entendimento”

“Quem chega irá se impressionar com um povo alegre [...]”

“Um sistema de segurança capaz de proteger a todos [...]”


Será?
http://www.youtube.com/watch?v=Bx7BQkdGPro&feature=youtu.be
https://www.facebook.com/photo.php?v=1428514557416562
http://rebaixada.org/no-h-reforma-possvel-para-a-pm-que-atua-como-guarda-da-propriedade-de-escra/
https://www.youtube.com/watch?v=VH3gigSO8xk
https://www.youtube.com/watch?v=WA4XOwQgFYY
https://www.youtube.com/watch?v=mRT3hylUEQA
https://www.youtube.com/watch?v=bdDHsyx-1hc&list=PLDA1951A985600538

 “Líderes na produção mundial nos setores industrial e do agronegócio”

Como é essa história?
http://www.revistaforum.com.br/digital/148/esse-ufanismo-de-que-o-brasil-e-o-celeiro-mundo-e-uma-falacia/
http://www.mst.org.br/node/15414
http://www.social.org.br/relatorios/relatorio002.htm
http://www.auditoriacidada.org.br/

“Desfrutamos da mais absoluta liberdade e convivemos com as manifestações populares e reivindicações [...] instituições que nos respaldam tanto, para garantir a liberdade de manifestação, tanto para coibir excessos e radicalidades de qualquer espécie”

Será?
http://www.artigo19.org/protestos/
http://advogadosativistas.com/como-funciona-a-repressao-no-mundo-a-6-dias-antes-da-copa-prepare-se/
http://artigo19.org/wp-content/uploads/2014/04/RELATORIO-GRAVES-VIOLA%C3%87%C3%95ES-FINAL-VERS%C3%83O-INTERNET.pdf
https://www.facebook.com/photo.php?v=782726925085352
http://forum.jogos.uol.com.br/em-protesto-contra-a-copa-indios-atiram-flechas-contra-policiais-durante-tour-da-taca-its-true_t_3052268
http://agenciapulsar.org/brasil2013/mais/politica/brasil-mais/anistia-internacional-pede-respeito-a-manifestacao-pacifica-na-copa/
http://issuu.com/anistiabrasil/docs/ai_br_campaign_digest_19_005_2014_f
http://www.sul21.com.br/jornal/bar-que-e-ponto-de-encontro-de-jovens-nas-tercas-feiras-e-interditado-pela-smic/
http://www.camaraempauta.com.br/portal/artigo/ver/id/6172/nome/Balaio_Cafe_e_interditado__e_Jean_Wyllys_lanca_livro_na_calcada_do_cafe_mais_famoso_de_Brasilia

[...] a seleção representa a nacionalidade, está acima de governos, partidos e interesses de qualquer grupo”

Será?
http://blogdojuca.uol.com.br/2014/05/exclusivo-o-primeiro-capitulo-de-o-lado-sujo-do-futebol/
http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/06/teixeira-e-havelange-os-office-boys-dos-patrocinadores/
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/um-jogo-sujo-para-entender-a-fifa-e-o-futebol-e-preciso-ler-o-novo-livro-de-andrew-jennings/
http://espn.uol.com.br/noticia/414100_maracana-gasta-milhoes-com-amigos-de-governador-e-cartolas



(via FritandoCoxinhas)

Copa da Fifa é a celebração da Ditadura

Havia um tempo onde as pessoas eram capturadas pela polícia e levadas para lugar inacessível e escondido da população, para toda sorte de arbitrariedade. Nesse tempo, os advogados não tinham suas prerrogativas respeitadas, seus clientes não tinham portanto acesso a defesa e muitos operadores do direito eram enquadrados como terroristas por tentar oferecer defesa aos acusados.


Nesses tempos também, os "crimes de opinião" eram os mais raivosamente perseguidos. A posse de livros críticos era, assim como na caça às bruxas da inquisição, motivo para prisões e acusações formais. Livros acadêmicos, teóricos, mas que contestavam o regime. E todas as arbitrariedades eram feitas impunemente. Quem ousasse denunciar ou testemunhar contra, era prontamente inserido no radar ditatorial.

Havia esse tempo, onde se invadia a casa das pessoas, recolhia-se suas cartas, seus livros, seus documentos, fotos e até familiares que testemunhassem e levavam todos, tudo isso amparado pela lei, hoje tida como aberrante!

Hoje, a casa de 4 ativistas foi invadida pela polícia civil, estes foram detidos em curso de uma investigação sobre atividades comunicacionais (afinal. Delegacia de crimes da internet), levados para um lugar chamado "cidade da polícia", onde imprensa não entra, manifestante não se aproxima e advogado não tem as prerrogativas garantidas. Esta delegacia (DRCI) é a mesma que deteve dois menores de idade ano passado e levou como provas livros comunistas e anarquistas, além de uma faca (atenção, se vc tem uma faca em casa, prepare-se pra ser preso).


O delegado a frente da operação, o mesmo que tentou de todas as formas acusar a mulher de Amarildo de ser traficante e de estar mentindo. A punição por isso foi ser promovido pra DRCI. Não obstante, entre os ativistas presos, uma advogada, pertencente à comissão de defesa dos animais, integrante da defesa dos direitos humanos e militante na defesa dos manifestantes presos, com a prestação de assistência jurídica a estes. Uma esposa de um dos ativistas também foi levada. E mais absurdo ainda: um dos presos era justamente uma testemunha numa audiência hoje contra policiais que haviam forjado prisões falsas em 2013. Ou seja, quem denuncia continua sendo "eliminado", ou ao menos perseguido e impedido de reivindicar justiça para si e para a sociedade.

E isso tudo "dentro da lei", na democracia. Isso está sendo agora, hoje, meus caros. É preciso uma resposta urgente e firme da sociedade. A Polícia Civil do Rio de Janeiro, com a leniencia do Judiciário do Rio, à mando do executivo estadual, está afrontando o Estado Democrático de Direito construído em anos de luta. É necessário um posicionamento nacional também!

P.S.: é preciso apurar isso que está acontecendo, eu estou lendo estas informações em várias páginas e rememorando vários casos do ano passado, pois até manifestações do pensamento como esta estão servindo de motivo para investigações e pedidos de prisão. A democracia corre aqui sério risco.


Ao que tudo indica, dos dezessete mandados seis teriam relação com a denúncia de Aécio Neves e os outros onze são política preventiva de intimidação à ativistas e críticos do governo Cabral. Há também vingança contra aqueles que prestaram assistência aos detidos nas prisões ilegais em massa efetuadas no Rio de Janeiro, e veem enfrentando as arbitrariedade e os ataques ao Estado de Direito promovidos pelo próprio poder público. Como é o caso da advogada ativista Eloisa Samy que nos garante presença no ato convocado para às 10 horas, amanhã, na Candelária. “Estarei nas ruas, não tem arrego”, diz Eloisa. 

O pacto que une o Senador Aécio Neves ao governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, já mostra sua cara nas vésperas da Copa. O Aezão da censura e da intimidação é também certeza de criminalização dos movimentos sociais e da instauração de uma caça às bruxas para o que consideram ‘delitos de opinião'. O cardápio inclui intimidação dos críticos, conivência da Justiça e todo obscurantismo kafkiano que mora sob o rótulo deste tipo de ‘sigilo’ dos bastidores da máfia que une políticos e empresários.

■□■□■□■□■□■□■□■□■□■□■□ Via Samuel Braun e Midia Ninja

terça-feira, 6 de maio de 2014

Lula era “nós”; Dilma é “eles”

No momento em que as pesquisas eleitorais começam a detectar a queda nas intenções de voto para a reeleição da presidente Dilma, apontando para um possível segundo turno, o Encontro Nacional do PT, na sexta-feira passada, apontou claramente... como piorar as coisas para o partido. A ordem é combinar o endurecimento do discurso com a liberação de “bondades” econômicas e políticas. Segundo o presidente do PT, Rui Falcão, agora é “nós contra eles”. “Nós” quem, cara pálida? Como se o Fla-Flu imbecil entre PT e PSDB já não tivesse levado o país ao enjoo e ao tédio político absolutos. 


Dilma, que é mulher, deveria dominar essa sutileza: a da insatisfação yin, feminina. O Brasil é como uma esposa aporrinhada, e a Presidente e seu governo (por ironia, uma mulher) é como um marido arrogante-defensivo que só sabe responder reafirmando infinita e continuamente os seus acertos – ou melhor, os da gestão passada, de Lula. Mas não produz jamais aquela centelha de reconquista da confiança, de que “pode dar certo de novo”. O clima que vai prevalecendo é de que esse relacionamento tem que acabar. As investidas da Presidente na TV, com um tom de voz e um gestual absolutamente falsos e constrangedores (esse tipo de estupidez que só funciona na cabeça de um marqueteiro do século passado) só agravam o clima de “a fila anda”.

O engraçado é que Dilma já teve a faca e o queijo na mão. Durante um tempo, em que os ministros corruptos caiam à sua volta sem que ela movesse uma palha política, o arquétipo que Lula parece ter enxergado nela funcionou bem: o da matriarca severa, moralizadora.

Lula foi sagaz em fazer seguir o seu próprio arquétipo sessentista (o do operário industrial em busca do poder social) por um arquétipo setentista, o de Dilma. A eleição de Lula era como que se o país se reengatasse com seu destino adiado pelo golpe militar de 1964. E Dilma era a imagem da mulher reinventada, a feminista que deixava o lar para entrar na política, até mesmo para substituir na luta os homens que haviam tombado.



A esperança no início do governo era que a excessiva (cof, cof) flexibilidade moral de Lula fosse compensada por essa matriarca brava, que ia acabar por botar ordem na casa. Num certo sentido, o governo de Lula foi mágico: depois do autoritarismo da ditadura, e de uma série de presidentes mais ou menos erráticos, Lula era a volta do “pai benévolo”, reconstituindo a autoridade patriarcal num nível mais ameno e aceitável. Talvez mesmo o despreparo intelectual do presidente concorresse para essa percepção positiva, visto que a educação superior no Brasil sempre esteve ligada à formação de uma elite esnobe e predadora.

Mas Dilma acabou por representar tudo que não é “mulher”, que não é intuição. Que é “homem”, no sentido mais burro e teimoso do termo: a submissão à lógica econômica, a crença paranóica e defensiva na “governabilidade” levando aos acordos mais oportunistas e distantes dos princípios. A ruptura com todas as expectativas positivas, tanto à direita quanto à esquerda.

via Intervozes

A direita nunca teve a obrigação política de sustentar o governo, por mais que se fizessem (e façam) concessões ideologicamente vergonhosas a setores como o agronegócio e a bancada evangélica. A esquerda se sente traída, quanto mais essas concessões (sempre em nome da governabilidade) aumentam. Os problemas que jamais cairiam na conta do governo federal, sob Lula, caem fácil no colo de Dilma – mesmo que ela tenha pouco ou nada a ver com isso. Porque Lula era “nós” para a maioria dos eleitores; Dilma começa a se tornar “eles” numa escala irreversível.


Quanto às bondades, não só elas não fazem muito sentido e não convencem, como às vezes funcionam ao contrário. Vejamos por exemplo a presença do candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, na Parada Gay, no domingo (ontem). Ora, é o mesmo Padilha dirigiu o Ministério da Saúde que vetou campanhas de prevenção a DSTs, por pressão religiosa. E, como explicou meu amigo Todd Tomorrow, “não fez o suficiente também pra influenciar em momentos chave por um Plano Nacional de Educação inclusivo. Só deu na cabeça dos LGBTs”. Mas agora o governo, além de dar dinheiro para as paradas, anunciou as mesmas campanhas que tinha vetado. Tarde demais. Padilha é inimigo. A direita também acha. Padilha é inimigo... de todo mundo. Parece que até Lula já está errando na indicação de candidatos viáveis.

Para sorte do PT, o seu inimigo “natural”, o PSDB, não parece ir muito melhor nos truques. A última dos gênios estratégicos do partido é a tentativa de costurar uma vice presidência para Serra. Isso atende só aos interesses intestinos do PSDB: conciliaria, desta vez, as correntes internas, tão acostumadas a puxar o tapete umas das outras.

Mas não parece considerar o estupendo grau de rejeição nacional do “undead” Serra, o morto-vivo que não permite que o filme acabe sem ressurgir mais uma vez com sua obsessão pela Presidência (aliás Aécio que se cuide contra acidentes, na eventualidade de ser eleito). E faz o roteiro se parecer com um misto de trama de máfia e história de terror.

E assim, correndo por fora, Eduardo Campos se cacifa mais e mais para lá na frente converter a rejeição dos outros em votos para si. Sua vice indicada, Marina Silva, cometeu um erro gravíssimo no ano passado, que impede que ela hoje esteja com um partido registrado e candidatura própria. Bastaria, na “janela política” entre a luta contra Feliciano na Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal e as jornadas de junho, Marina ter chamado uma coletiva para se colocar em defesa do estado laico e (um pouquinho que fosse) pelas liberdades individuais.

Sequestraria para si o noticiário durante um bom tempo, e impulsionaria a campanha de assinaturas pelo registro do partido. Teria sido fácil, sendo a única presença política positiva naquele período de crise de credibilidade. Marina preferiu, quando resolveu falar (com atraso), defender Feliciano de um certo preconceito contra os evangélicos. O estrago estava feito: Marina era antipática, como Dilma, à esquerda e à direita.

Mas o tranco político parece ter feito com que Marina pensasse com mais clareza, e resolvesse influenciar diretamente o resultado das eleições, aliando-se, de surpresa, a Campos. Dessa vez sim Marina bombardeou o noticiário com uma novidade. Na candidatura a vice, a rejeição à própria Marina pode ser pilotada sob menos pressão, para uma boa transferência de votos. E vem demonstrando que sua leitura afinal estava certa: é para Eduardo Campos que essa avenida eleitoral começa a se abrir.

Num movimento absolutamente inusitado, Campos decidiu na semana passada fazer a campanha sem marqueteiro. Chega a ser espantoso, para um candidato central e num momento promissor. Pensei até que poderia ser um factóide (notícia irrelevante, usada para chamar a atenção), e que haveria sim um marqueteiro disfarçado. Mas até agora nem gerou muito comentário.

Pode ser mesmo uma escolha pela política, e contra a atitude de campanha baseada na publicidade despolitizada que domina nossos candidatos há um bom tempo, e gera essa sensação de falsidade e esquizofrenia. Uma escolha sintomaticamente boa, e uma demonstração de segurança. Às custas de Dilma – que afinal fez um governo muito menos “fêmeo” (no sentido da boa intuição) que o barbudo Lula.

■□■□■□■□■□■□■□■□■□■□■□■□
Leia o texto na íntegra no Blog do Alex Antunes

DESMILITARIZAÇÃO: Garotinhos, Crivellas, Pezões e Lindberghs são iguais?


Eu faço diariamente a crítica a esta democracia dos ricos e estou cotidianamente na luta para derrotá-la. É por isto mesmo que diante da enorme grandeza do desafio de tirar as máfias e suas milícias do coração do governo do Rio é que me vejo na obrigação de dizer que não são todos iguais.

Conheci Lindberg ainda nos meus primeiros passos no movimento estudantil. Eu uma liderança secundarista, ele jovem deputado. Seu gabinete era casa das lutas populares no auge da privataria. Lindbergh teve papel de destaque na resistência ao desmonte do Estado e nas lutas sociais responsáveis pela construção da correlação de forças que permitiu a eleição de Lula.

Reencontrei Lindbergh já prefeito de Nova Iguaçu. Um time do que há de melhor nos aceleradores de mudanças chegou na Baixada e enquanto o índice de crimes só aumentava, Nova Iguaçu teve uma importante redução do assassinato de jovens e foi capaz de organizar projetos para colocá-la como a 3.a cidade do país em volume de recursos do PAC. Unindo inteligencia às demanda sociais foi possível acelerar DIREITOS e ter PARTICIPAÇÃO como nunca antes na história da Baixada Fluminense.

Dizer que entre estes que aí estão não há diferença é ajudar na sabotagem do Rio. Lindbergh está há anos no cenário da política institucional o que conduz qualquer ser humano ao erro e também ele os tem em sua trajetória política, basta lembrar que se elegeu ao Senado na chapa de Sérgio Cabral. Mas não buscamos heróis nem santos.
 

Nele há uma liderança surgida da luta popular e do campo mais democrático dentro do panorama de máfias do sistema político estabelecido. Por isso é impossível negar que as portas do Palácio estarão muito mais abertas ao desejo dos mais pobres e à luta por mudanças que com qualquer dos seus adversários.

Lindbergh corajosamente apresentou ainda ao Senado o projeto da PEC 51, é portanto a única garantia de uma mudança radical na segurança pública. É também a única candidatura com chances reais de derrotar e expulsar uma máfia encastelada no Palácio da Guanabara usando a máquina pública em aliança com as milícias e contra os movimentos sociais. Vencer o terrorismo de estado é urgente!

via Alô Senado


■□
■□■□■□■□■□■□■□■□■□■□■□
Texto de Ricardo Targino