segunda-feira, 31 de março de 2014

A MAR É: se por no lugar da outra pessoa, afinal






É realmente muito difícil se pôr no lugar de outra pessoa?
Afinal, não sou ela.
E se ela for preta e pobre? Complica?!
Afinal, não sou preto nem pobre.
E se colocar no lugar de quem além de ser isso, preto e pobre,
é favelado, ou seja, mora em comunidade, em locais "precários", "desassistidos" pelo poder público?
É? Não? É?!

Mas, e se se pensar que são seres humanos, filha, pai, sobrinho, mãe, família, que se reúnem, riem juntos e comemoram um nascimento, choram quando sentem dor pela perda de um parente ou amigo?

Ajuda a você, a mim, a se sensibilizar e tentar se colocar no lugar deles, essas pessoas humanas, e tentar, quem sabe, sentir um pouco do que eles sentem, e ouvir a versão delas sobre os fatos que dizem respeito `a vida delas?
Não?! O medo de que a "bandidagem aja impunemente" e te coloque em perigo te faz ter a quase certeza de que se esse não é o certo, a atitude correta, pelo menos é um caminho pra te proteger?

De quê?! De te proteger, de quê? Da favela?
De te dar uma sensação de segurança, de estar protegido? De quem? Proteger o quê de quem? Os seus bens, a sua vida?
`A custa da vida dos outros? Esse preço é justo? Está certo ser cobrado?
E se esse outro fosse você? Esse é o ponto.

Você, pessoa, que não é dada a conversar com a sua empregada sobre a vida dela, digo, assuntos fora das obrigações de limpeza, comida, arrumação da casa, conversas que fazem a empregada ser vista por você como uma mulher, mãe, dona de casa, batalhadora, como você, aguerrida a tal ponto que te faça pensar como ela consegue?
Se fosse eu... Eu acho que...
Você acha que o quê?
Pois bem. E se fosse você? E se fosse eu?
Enquanto você e eu achamos, ela, a empregada, o outro, o outro ser humano, tem certeza.

E se ela, a empregada, chegar atrasada no trabalho, que é na sua casa, na casa que é sua, de você que é a "patroa", dizendo que a polícia e o exército estão invadindo as casas onde ela, a empregada, mora, e que ela ficou frente a frente com 4 caras armados que lhe apontaram 4 fuzis?
E que era domingo?
E que ela estava acompanhada pelo seu marido e suas 2 filhas e seus 2 sobrinhos?

Acho que esse "seu", esse "suas", e esse "seus" ajudou.
Ajudou, não ajudou?
Afinal...

#favelaésoluçãonãoéproblema
#marévive


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(Via Guilherme Fernández e Ricardo Moraes/Reuters)

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