domingo, 25 de janeiro de 2015

O lado oculto da crise de água é revelador


Não sou contra se economizar água e energia elétrica. Mas os políticos não são pagos pra criar campanhas de economia. A sociedade civil pode fazer isso. Políticos são eleitos pra prover (e prever) as necessidades de aguá e energia. Aquedutos são uma das justificativas mais antigas para a necessidade de um governo, talvez mais antiga que a gestão da violência.



Tanto quanto vender ações de empresas que desfrutam do monopólio sobre a água, creditar ao cidadão privado a gestão da crise hídrica, inclusive precificando o consumo abusivo, é uma forma de privatização. Na medida em que o governo privatiza a gestão hídrica volta a pergunta: Pra que governo?

É preciso lembrar o tempo todo que Sabesp (SP) e Copasa (MG) são empresas com ações na Bolsa, e que pagam bons dividendos.. A ineficiência não é um traço do setor publico, mas do monopólio combinado com falta de fiscalização.

Alguns números que tenho visto pela internet. Dizem que as Companhias de água desperdiçam entre 30 e 40 por cento da água que distribuem. Dizem também que o consumo humano não chega a 15% da água ofertada. Que a maior parte se destina ao agronegócio, a mineração e as industrias.

Minas Gerais concedeu OUTORGAS para mineradoras, indústrias, agronegócios retirarem água subterrânea, rios e lagos, pela qual pagam apenas preço SIMBÓLICO, ou nem pagam. MAS omite-se esta enorme quantidade de água quando falam de exigir queda de 30% do consumo, multas, racionamento. Dois pesos e duas medidas. Chegou a hora de rever as OUTORGAS E COBRAR realmente o preço justo por esta água usada para fins econômicos.

(via Seja Dita Verdade

Façam as contas. É preciso ser tapado para engolir a SECO a ideia de que a culpa da falta d'água é da sua pia da cozinha. Ou que a solução virá se cobrando mais caro pela água potável. Nada mais patético que gente que fica na internet alegando que deixar restos de detergente no prato ao lava-lo é prova de civilização, e que isso vai salvar o mundo. É prova apenas de que algumas pessoas são tão bobas que invejam até as carências europeias.

Há duas questões importantes e urgentes. Garantir a distribuição justa de aguá para todos e evitar que transformem a água no Brasil em mais um produto de qualidade e disponibilidade reguladas pelo mercado e pela renda pessoal do consumidor. Certas empresas e os governos vão usar a emergência que eles mesmos provocaram para adotar medidas impopulares e alienadoras dos interesses públicos, e ainda vai ter idiota batendo palma.

Lembrem-se essa crise hídrica era prevista por alguns a pelo menos 10 anos, e era tida como inevitável por muitos a mais de um ano. Muita coisa podia ter sido feita para ameniza-la, mas nada foi feito.

Os políticos que permitiram que a qualidade de vida e a economia do sudeste fossem afetadas de forma tão aguda deviam ser severamente responsabilizados. Ou agiram de forma intencional e portanto corrupta, ou foram inábeis e portanto incapazes e prejudiciais.

Via Rodrigo MudestoApolo Heringer-Lisboa

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